terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Lágrimas

Entrou em casa apressadamente; bateu a porta atrás de si e trancou-se.
Pôs-se a chorar.
Suas lágrimas escorriam pela face, formando traços que iam-se por todas as direções da pele. Lágrimas pingavam, incessantemente, fazendo brotar entre as mãos um vale de dor. A chuva era contínua; gritos eram trovões; os olhos, como nuvens, arremessavam pingos do alto.
Já era tarde e continuava a chover-se. O temporal inundara o vale e fizera-o transbordar, molhando todo corpo agora desidratado. Toda água havia sido sugada; minou cada célula miúda; ressecou cada simples poro; fez isso a cada centímetro do corpo, que rapidamente bebeu a torrente transformando o momento em ciclo; enquanto a vida se esvaía pelos olhos, cada molécula dançava, entrando e saindo do corpo; seguiam a via corpo-poros. A fonte era inesgotável. Cada lágrima uma dor e cada dor uma sentença.

Nenhum comentário: