sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Kayla

Acordei com Kayla em meus braços. Ela parecia incrivelmente frágil, era tão branca e delicada. Fiquei um tempo admirando sua beleza, mas ela acordou e abriu aqueles profundos, grandiosos e tristes olhos azuis, retrubuía meu olhar encantado. Sim, ela me amava. Algumas pessoas diziam que eu deveria parar de dar tanto de mim à ela, mas Kayla estava doente e precisava de mim. Tinha medo de perdê-la. Muito medo.
Kayla esfregava a pontinha de seu nariz em minha orelha, fazendo-me rir com sua respiração ofegante. Ela estava magra e desanimada. Deixou-me de lado para enrolar-se em si mesma do outro lado da cama. Eu não podia agüentar vê-la assim. Fomos à clínica no centro. Ela foi internada, parecia que seu sofrimento não iria acabar. Ao final do segundo dia, ela roçou seu bigode em minha face, senti que sua respiração estava fraca, seu rabo não balançava mais e aqueles lindos olhos - que eu tanto amava - estavam fechando para nunca mais abrirem. Fiz carinho em sua nuca e disse que a amava, temo que ela nunca tenha escutado estas minhas últimas palavras tocarem suas orelhas, agora baixas e já sem vida. Kayla era muito mais que uma gata ou um animal de estimação. Estávamos juntos há quase onze anos.

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