Todo dia de manhã ele sentia um cheiro gostoso quando saía de casa, era um cheiro diferente, eram rosas diferentes. Às vezes ele acordava mais cedo para ver a vizinha cuidar com tanto carinho de suas rosas coloridas. Quando o Sol a iluminava, sua pele parecia dourar, era um moreno bonito. Uma morena de olhos castanhos, cabelos castanhos, estatura média, peso médio. Completamente normal, igual a várias outras mulheres, mas ele via algo nela que não sabia explicar. Ele nunca soube dizer que a amava até o dia que acordou de manhã e não sentiu o cheiro das rosas. Ele se levantou e teve de chegar bem perto para sentir o cheiro. Era estranho, ela fazia com que o cheiros de suas rosas se espalhassem o quanto pudessem, ninguém nunca fez igual. Ela tinha uma certa doçura, uma delicadeza sem igual, mas agora ele não a via. Ela não estava ali. Mas não iria bater na porta, nem ao menos sabia seu nome. Sentiu falta dela por três dias, logo ela estava de volta. Passou-se uma semana e ela sumiu outra vez, aparecendo depois de uma semana. Ela foi sumindo e aparecendo. Um dia ele tomou coragem e foi à casa das rosas. Quem abriu foi uma linda menina, uns dez anos talvez, morena de cabelos compridos e olhos cansados. Ele perguntou pela senhora que cuidava das rosas. Então ela mandou-o entrar e esperar, não demorou muito e ela pareceu. Ela parecia cansada, sua pele morena ganhava um tom mais claro, parecia com pouca saúde, parecia que não era mais aquela de sempre. Ela sentou-se ao seu lado, olhou no fundo dos olhos e perguntou porque ele tinha demorado tanto. Então ele entendeu que ela sempre o notou e que também o amava em segredo. Ele pegou em sua mão macia, tão pequena e magra, e disse que ficaria tudo bem. "Estou aqui com você", ele disse três vezes enquanto ela chorava baixo no seu ombro. Ele olhou para a menina e compreendeu que o quanto as duas sofriam, chamou a pequena e os três se abraçaram. A pequena pedia "Calma, mamãe". Ele prometeu para ela e para si mesmo que não as abandonaria, mudou-se para a casa das rosas. Ela estava ensinando-o a cuidar delas. Maria. Maria estava ensinando, Maria era o nome dela. Ele aprendeu e agora ele sentia em si mesmo o cheiro das rosas, o cheiro da casa, o cheiro de Maria.
Maria viveu mais quatro meses. O cheiro das rosas mudou, parecia que elas estavam de luto. Não duraram muito. O cheiro das rosas viveu mais três semanas.
Maria viveu mais quatro meses. O cheiro das rosas mudou, parecia que elas estavam de luto. Não duraram muito. O cheiro das rosas viveu mais três semanas.
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