sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O Cheiro da Rosas

Todo dia de manhã ele sentia um cheiro gostoso quando saía de casa, era um cheiro diferente, eram rosas diferentes. Às vezes ele acordava mais cedo para ver a vizinha cuidar com tanto carinho de suas rosas coloridas. Quando o Sol a iluminava, sua pele parecia dourar, era um moreno bonito. Uma morena de olhos castanhos, cabelos castanhos, estatura média, peso médio. Completamente normal, igual a várias outras mulheres, mas ele via algo nela que não sabia explicar. Ele nunca soube dizer que a amava até o dia que acordou de manhã e não sentiu o cheiro das rosas. Ele se levantou e teve de chegar bem perto para sentir o cheiro. Era estranho, ela fazia com que o cheiros de suas rosas se espalhassem o quanto pudessem, ninguém nunca fez igual. Ela tinha uma certa doçura, uma delicadeza sem igual, mas agora ele não a via. Ela não estava ali. Mas não iria bater na porta, nem ao menos sabia seu nome. Sentiu falta dela por três dias, logo ela estava de volta. Passou-se uma semana e ela sumiu outra vez, aparecendo depois de uma semana. Ela foi sumindo e aparecendo. Um dia ele tomou coragem e foi à casa das rosas. Quem abriu foi uma linda menina, uns dez anos talvez, morena de cabelos compridos e olhos cansados. Ele perguntou pela senhora que cuidava das rosas. Então ela mandou-o entrar e esperar, não demorou muito e ela pareceu. Ela parecia cansada, sua pele morena ganhava um tom mais claro, parecia com pouca saúde, parecia que não era mais aquela de sempre. Ela sentou-se ao seu lado, olhou no fundo dos olhos e perguntou porque ele tinha demorado tanto. Então ele entendeu que ela sempre o notou e que também o amava em segredo. Ele pegou em sua mão macia, tão pequena e magra, e disse que ficaria tudo bem. "Estou aqui com você", ele disse três vezes enquanto ela chorava baixo no seu ombro. Ele olhou para a menina e compreendeu que o quanto as duas sofriam, chamou a pequena e os três se abraçaram. A pequena pedia "Calma, mamãe". Ele prometeu para ela e para si mesmo que não as abandonaria, mudou-se para a casa das rosas. Ela estava ensinando-o a cuidar delas. Maria. Maria estava ensinando, Maria era o nome dela. Ele aprendeu e agora ele sentia em si mesmo o cheiro das rosas, o cheiro da casa, o cheiro de Maria.
Maria viveu mais quatro meses. O cheiro das rosas mudou, parecia que elas estavam de luto. Não duraram muito. O cheiro das rosas viveu mais três semanas.

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