terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O falso preceito

Parou em frente a enorme porta de madeira. Depois de tantos anos não poderia estar tão nervosa. Mas estava. Sentia suas mãos formigarem, as extremidades gélidas. Achava graça disso pois pensou que já tivesse passado dessa fase. Encheu de ar os pulmões, colocou a mão sobre a maçaneta e girou.
Entrou. Pares e mais pares de olhos curiosos a analisavam. Sentiu-se desconfortável e correspondeu com um breve sorriso.

- Bom dia, sou nova aqui. Meu nome é Ruth e sou a professora de Religião.

Falou com todos rapidamente e então prosseguiu. Começou falando de Deus, de como ele criou o mundo e tudo nele. Falou de seu filho Jesus, de como ele é bom e como nos ama.
Um menino então interrompeu-lhe e perguntou:

- Mas, professora, se eles são tão bons assim como a senhora diz, por que então tem crianças que passam fome ?

A mulher pensou, pensou, pensou, mas não sabia como se responder aquela pergunta. Crianças não são apenas crianças, são anjos. O que teriam elas feito pra que Deus, que é tão bom e misericordioso, as deixasse sofrer tal flagelo ?
Respondeu apenas:

- Essa é uma questão para a próxima aula.

Assim, na semana seguinte, a porta abriu-se:

- Bom dia, meu nome é Paula, sou a nova professora de Religião.

5 comentários:

Unknown disse...

Muito bom seu texto!Parabéns!
Gostei da crítica aos valores religiosos e ao argumento implícito; irrefutável.Outra coisa que chama atenção é o ambiente criado, dá para imaginar bem a cena. Ainda bem que ainda existem pessoas pensantes no mundo. Bjs!

r. disse...

Assim como tu, tatu !
Ainda vou postar suas poesias, HAHAHA.

Unknown disse...

Achei a primeira personagem fraca. :/

r. disse...

acho melhor alguém ficar quietinha e passar direto pelos meus textos. fikdik ;)

r. disse...

nem eu, HAHAHA